O segredo 'Minerva' da CIA

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As revelações de encriptação colocam questões sobre o conhecimento oficial dos EUA sobre as atrocidades da "guerra suja" da Argentina, o assassinato de Letelier do Chile, as ditaduras militares do Cone Sul

CX-52

Companhia de criptografia suíça secretamente propriedade de agências de inteligência estadunidenses e alemãs, de acordo com registros obtidos pelo canal público alemão, ZDF e Washington Post

Publicado: 11 de fevereiro de 2020
Livro de Briefing # 696
Compilado e editado por Peter Kornbluh e Carlos Osorio
Para mais informação, contate:
202-994-7000 ou nsarchiv@gwu.edu
Assuntos: Ciberespaço, Inteligência e Espionagem
Regiões: Cuba e Caribe, México e América Central, América do Sul
Acontecimentos: Operação Condor, 1968-1989
Projeto: Chile, Vault Cibernético, Inteligência, Cone Sul

Washington D.C., 11 de fevereiro de 2020 - A comunidade de inteligência dos EUA monitorou ativamente durante décadas as comunicações diplomáticas e militares de muitas nações latino-americanas através de máquinas de encriptação fornecidas por uma empresa suíça que era secretamente propriedade da CIA e da agência de inteligência alemã, BND, de acordo com relatórios do canal de televisão pública alemã, ZDF e o Washington Post.

Registros desconfidencializados publicados hoje pelo National Security Archive mostram que entre aqueles países secretamente monitorados foram os regimes militares da Operação Condor — liderados pelo Chile, Argentina e Uruguai — enquanto eles conduziam atos regionais e internacionais de repressão e terrorismo contra figuras líderes da oposição.

A publicação de hoje revela que a Operação Condor — a rede de regimes militares do Cone Sul que tinha como alvo os opositores em todo o mundo para a liquidação em meados e finais dos anos 1970 — conduziu as suas comunicações naqueles dispositivos de encriptação feitos pela empresa suíça propriedade da CIA, Crypto AG, sem perceber que os EUA poderiam estar ouvindo.

MINERVA

O ZDF relata, e a história do Washington Post intitulada "'O Golpe de Inteligência do século'": durante décadas a CIA lê as comunicações encriptadas dos aliados e dos adversários," baseiam os seus relatos em histórias internas confidenciais da CIA e do BND que detalhavam a sua parceria para comprar secretamente a Crypto AG, o principal fabricante de dispositivos de encriptação em 1970.

A empresa, fundada nos anos de 1930 pelo inventor sueco, Boris Hagelin, já tinha um "acordo de cavalheiros" duradouro com a Agência Nacional de Segurança remontando ao início dos anos de 1950, de acordo com o artigo do Post. Mas, através da propriedade secreta de CIA/BND, os EUA e a Alemanha "viciaram os dispositivos da empresa para que eles pudessem facilmente quebrar os códigos que os países usavam para enviar mensagens cifradas", o Washington Post relatou, gerando uma riqueza de interceptações de informação de países pelo mundo, entre eles o Irã, o Egito, o Paquistão, a Arábia Saudita e a Itália. Em 1993, a CIA comprou secretamente o capital do BND por 17 milhões de dólares, e a Crypto AG foi sua propriedade única até há apenas dois anos quando os seus ativos restantes foram liquidados.

Segundo as histórias internas citadas pelo Post e ZDF, a operação clandestina de recolhimento de informação foi inicialmente codificada como "Thesaurus," e depois mudada para "Rubicon." O nome de código para a Crypto AG foi "Minerva."

No seu auge, a Crypto AG vendeu milhares de máquinas sofisticadas de encriptação a mais de 100 países inconscientes. Na América Latina, os clientes incluíam o México, a Argentina, o Brasil, o Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela e a Nicarágua. O uso destes dispositivos forneceu à CIA e à Agência Nacional de Segurança a capacidade de decriptar milhares de mensagens, potencialmente cobrindo uma série de episódios históricos dramáticos, entre eles: o golpe militar de 1973 no Chile; o golpe militar de 1976 na Argentina; o assassinato de Orlando Letelier e Ronni Moffitt em Washington D.C. em setembro de 1976; o bombardeio terrorista de um avião da Cubana além da costa de Barbados em outubro de 1976; a revolução Sandinista e a guerra dos Contra na Nicarágua que as forças argentinas de segurança apoiaram secretamente; e a Guerra das Malvinas de 1982 entre Argentina e Reino Unido, entre muitos outros.

Como as nações de Condor construíram toda a sua rede de comunicação secreta em volta das máquinas da Crypto AG, a comunidade de inteligência dos EUA também teriam sido capazes de monitorar os planos e missões da Condor, incluindo múltiplos planos de assassinato na região, na Europa e nos Estados Unidos.

As comunicações brutas, e os relatórios de inteligência gerados delas, aos quais o Post e o ZDF não tiveram acesso, representam um tesouro de arquivos ainda secretos que poderiam iluminar significativamente a história obscura da região, bem como o que e quando os EUA sabiam acerca das operações lá, e o que, se houvesse algo, os oficiais dos EUA fizeram com esse conhecimento. “As revelações nos documentos podem proporcionar uma razão para revisitar se os Estados Unidos estavam em posição de intervir em atrocidades internacionais, ou pelo menos a expô-las,” nota a história do Washington Post, que não incluiu quaisquer referências à Operação Condor, “e se ele optou contra fazer isso às vezes para preservar o seu acesso a valiosos fluxos de inteligência.”

CONDORTEL

A operação Condor representava um acordo formal entre as ditaduras militares do Cone Sul para coordenar operações repressivas, incluindo o assassinato, contra os opositores militantes e civis dos seus regimes. Na reunião inaugural, organizada pelo regime de Pinochet em Santiago, Chile, em novembro de 1975, os oficiais militares de cinco ditaduras militares assinaram um acordo que afirmava que as nações-membros usariam um "sistema de criptologia que estaria disponível para os países-membros no espaço dos 30 dias seguintes, com a compreensão de que podem ser vulneráveis; ele seria substituído no futuro por máquinas criptográficas para serem escolhidas por comum acordo." Após a segunda reunião da Condor em junho de 1976, a CIA relatou, "O Brasil concordou em prover equipamento para a 'Condortel'—a rede de comunicações o grupo."

Esse "equipamento", os documentos revelam, veio da Crypto AG.

Num cabo de inteligência altamente censurado datado do início de 1977 sobre o "Sistema de comunicações empregado pela Organização Condor", agentes da CIA relataram que o Exército Brasileiro tinha fornecido à rede Condor máquinas de encriptação de Hagelin. "O sistema de cifrado empregado pela Condor é um sistema de máquina manual de origem suíça dada a todos os países de Condor pelos Brasil e portando a designação CX52." A CIA descreveu a máquina de encriptação como "similar em aparência a uma velha caixa registradora que tem números, alavancas de correr, e um disco ou dial ao lado, manualmente operado, que é girado após cada entrada.

No final de 1977, no entanto, a rede Condortel foi modernizada com novos dispositivos de encriptação. Segundo um relatório secreto recentemente desconfidencializado da Agência de Inteligência da Defesa (DIA), "No final de 1977, a Argentina proporcionou a Condortel o equipamento de Hagelin, Crypto H-4605, para melhorar a segurança das suas redes de teletipo." As comunicações para as operações na América Latina, o relatório da DIA acrescentava, "são para serem providas pelas instalações Condortel." Quando o Equador se uniu à rede Condor em 1978, a CIA relatava que "um militar argentino, o chefe do sistema de comunicação CONDOR, (CONDORTEL), está supervisionando a instalação de um sistema de telecomunicações no Ministério Equatoriano de Defesa Nacional."

As operações de espionagem através da Crypto AG concebivelmente forneceram à comunidade de Inteligência dos EUA um conhecimento bem mais detalhado das operações da Condor do que previamente admitido. Certamente, os registros de Inteligência dos EUA gerados por essas operações de espionagem poderiam ser "uma virada de jogo histórica", de acordo com Carlos Osorio, que dirige o Southern Cone Documentation Project no National Security Archive. "Se desconfidencializados," notou ele, "este vasto tesouro de interceptações de comunicação poderiam avançar significativamente a história da Operação Condor assim como a História contemporânea de toda a região."

MINERVA LEAKS

Antes das grandes revelações no Washington Post e no ZDF hoje, alguma das histórias clandestinas dos laços da Inteligência dos EUA com a Crypto AG havia vazado em pedaços ao longo dos últimos 40 anos.

Em 1975, o ex-operador da CIA, Philip Agee, publicou Dentro da Companhia — um diário da CIA que, de acordo com uma história desconfidencializada do programa de Criptologia da Agência Nacional de Segurança durante a Guerra Fria, "declara que as máquinas de Hagelin construídas pela Suíça tinham vulnerabilidades que a NSA explorou para obter texto simples".

Em 1982, o livro de James Bamford sobre a NSA, Puzzle Palace, identificou referências ao "projeto Boris" em cartas do contato de Hagelin na NSA, William Friedman, que Friedman - que o Post descreve como o pai da criptologia americana - tinha doado à Fundação George Marshall no Virginia Military Institute em 1969. A NSA se mexeu para re-confidencializar os papéis em 1983; eles foram altamente censurados e finalmente publicados com milhares de outros registros históricos da NSA em 2015. Entre esses papéis estavam os relatórios de Friedman sobre as suas viagens secretas à Suíça para encontrar-se com Hagelin no nome da NSA, e o "acordo de cavalheiros" que eles alcançaram no início dos anos 1950 para Hagelin apoiar os esforços da NSA para decriptar mensagens enviadas por dispositivos da Crypto AG.

No início dos 90, o "segredo de Minerva" foi quase exposto depois que o Irã prendeu um vendedor da Crypto AG chamado Hans Buehler, afirmando que ele era um espião. Buehler, que não sabia nada da propriedade secreta da CIA/BND, foi detido e interrogado por nove meses e apenas libertado depois de a empresa pagar um resgate de $1 milhão. Depois do seu retorno à Suíça, Buehler começou a falar com a imprensa, juntamente com outro ex-engenheiro da Crypto AG que suspeitava que a empresa seria controlada por agências de inteligência ocidentais. A cobertura dos meios de comunicação e registros judiciais geraram uma atenção significativa aos laços não-verificados entre os serviços de inteligência alemã e estadunidense e a Crypto AG.

Num artigo de 10 de dezembro de 1995 do Baltimore Sun, "Rigging the Game", Scott Shane e Tom Bowman relataram que a NSA tinha conseguido esconder "o que pode ser o golpe da inteligência do século" ao viciar "Máquinas da Crypto AG para que os bisbilhoteiros dos EUA pudessem facilmente quebrar seus códigos."

Por meio da Lei da Liberdade da Informação, o National Security Archive está procurando a desconfidencialização completa do estudo de caso secreto da CIA sobre o "projeto Minerva" assim como a documentação de apoio sobre as ligações da CIA/NSA à empresa de Hagelin, Crypto AG. O Archive apelou ao governo alemão para divulgar os seus próprios registros da sua colaboração com os Estados Unidos nas operações Minerva.

"Esta inteligência agora tem a capacidade de desempenhar um papel importante em assegurar a nossa história e a história das nossas relações com a região latina-americana," notou Peter Kornbluh, um analista sênior no Archive. "É hora destes documentos se tornarem parte do registro histórico."

Leia os documentos

Documento 1
Ato de Fundação da Operação Condor, “[Minutes of the Conclusion of the First Interamerican Meeting on National Intelligence],” Secreto, 28 de novembro de 1975, 28 de novembro de 1975
Fonte: Arquivo de Pinochet, Peter Kornbluh

Documento de fundação da CONDOR

Durante uma reunião em Santiago do Chile, os oficiais de segurança do Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai —os fundadores da Operação Condor —“Recomendam o uso de um Sistema Criptográfico que estará disponível aos países-membros dentro dos próximos 30 dias... ele será substituído no futuro com máquinas criptográficas a serem selecionadas por comum acordo."


Documento 2
Relato da CIA, "Counterterrorism in the Southern Cone," Secreto, 9 de maio de 1977, 9 de maio de 1977
Fonte: Argentina Declassification Project

Documento de fundação da CONDOR

Um resumo da CIA da Operação Condor para o NSC da administração Carter afirma que em 1976, "Brazil concordou em proporcionar o equipamento para 'Condortel' - a rede de comunicação do grupo." "O sistema de comunicação da Condor usa tanto a voz como o teletipo."


Documento 3
Cabo da CIA, "Communications System Employed by the Condor Organization," Secreto, 1 de fevereiro de 1977, 1 de fevereiro de 1977
Fonte: Argentina Declassification Project

Documento de fundação da CONDOR

Este cabo da CIA resume que "Todos os países pertencentes à organização Condor mantêm comunicações... o sistema de cifra usado pela Condor é um sistema de máquina manual de origem suíça dada a todos os países de Condor pelos Brasil e portando a designação CX52. A máquina é semelhante na aparência a uma velha caixa registradora que tem números, alavancas de correr e ao lado um disco ou dial manualmente operado que é girado após cada entrada."

Segundo o relatório do tour de William Friedman [veja o Documento 6 abaixo], Boris Hagelin enviou máquinas semelhantes a CX52 à NSA para teste. A CX52 é uma das máquinas emblemáticas da companhia suíça Crypto A.G.


Documento 4
Avaliação de Inteligência da DIA, "Latin America: Counterterrorism and Trends in Terrorism," 11 de agosto de 1978, 11 de agosto de 1978
Fonte: Argentina Documentation Project

Documento de fundação da CONDOR

“Em finais de 1977, a Argentina proveu o equipamento Hagelin Crypto H-4605 à Condortel para melhorar a segurança das suas redes de teletipo.” “Comunicações para operações na América Latina devem ser providas pelas instalações de Condortel. As operações realizadas em outro lugar devem depender de mensagens codificadas transmitidas por cabos públicos ou por instalações telefônicas...” As máquinas da Condor providenciadas pela Argentina (H-4605) são semelhantes, se não uma variante, da Crypto H-460 que, de acordo com o Washington Post é “uma máquina totalmente eletrônica cujos mecanismo internos foram projetados pela NSA.”


Documento 5
Relato de Situação Semanal da CIA, "Ecuador Joins Condor," 1 de março de 1978, 1 de março de 1978
Fonte: Argentina Declassification Project

Documento de fundação da CONDOR

“No presente momento, um oficial militar argentino, chefe do sistema de comunicação Condor (Condortel), está supervisionando a instalação do sistema de telecomunicações no Ministério da Defesa Nacional Equatoriano. Este sistema de comunicação está sob empréstimo ao Equador até que possa comprar o seu próprio equipamento.”


Documento 6
NSA “[Draft] Report of Visit to Crypto A.G. (Hagelin) por William F. Friedman,” Top Secret, 15 de março de 1955, 15 de março de 1955
Fonte: Coleção de Documentos Oficiais de William F. Friedman

Documento de fundação da CONDOR

Conforme a parte III do relatório intitulado "The Approach to Hagelin as Authorized by USCIB..." o eminente criptologista estadunidense William Friedman narra uma conversa com Boris Hagelin, líder da companhia de máquinas de cifragem neutras Crypto A.G. Friedman nota o interesse da Inteligência americana em "manter o status quo em relação ao chamado "acordo de cavalheiros" atingido em janeiro de 1954." Hagelin "... disse que não precisava de tempo para pensar no assunto", enquanto Friedman "...agradeceu Hagelin pela sua pronta aceitação da nossa proposta..." [USCIB refere-se ao Comitê de Inteligência das Comunicações dos Estados Unidos, um corpo de supervisão superior na época.]

Recontando seus 7 dias de viagem à Crypto A.G., Friedman delineia os problemas discutidos com Hagelin. Há longas descrições técnicas dos modelos mais recentes e dos países potenciais clientes baseados nas forças relativas das máquinas. O documento é intercalado com muitos conversas que sugerem um acordo contínuo entre a NSA e o Diretor da Crypto A.G.

Em um ponto, quando discutindo um modelo mais complexo de cifragem, Hagelin nota, "Vamos segurar a manufatura desse modelo se vocês quiserem que nós o seguremos." Em resposta, Friedman afirma, "Eu disse a ele que pensei que isto poderia ser aconselhável, e que em qualquer caso nós iríamos querer um destes modelos tão logo quanto possível."

Numa outra seção, quando discutindo a reabilitação do velho C-446, Friedman escreveu "[Isto] oferece certos potenciais benefícios à UKUSA; porque uma vez que estas ferramentas sejam reabilitadas, Hagelin vai ser capaz (como ele mesmo mencionou a mim) de fazer mais do C-446 do que é necessário para o governo para o qual ele está fazendo esse velho modelo. Noutras palavras, ele estava a sugerir a mim que esta reabilitação seria possível para ele para fornecer a certos clientes com um modelo quase como o M-209. Este modelo é, claro, mais fácil de resolver do que os novos modelos."

Este relatório é parte de uma tesouro de mais de 52.000 páginas dos registros pessoais e da correspondência de Friedman liberadas pela Agência Nacional de Segurança em 2015.


Documento 7
História Criptológica da NSA, "Cryptology and the Watergate Era," 1998 Jan 1, 1998
Fonte: Pedido FOIA do National Security Archive

Documento de fundação da CONDOR

Na página 82, este relatório histórico da NSA afirma, "Revelações públicas baseadas em ideologia entraram na moda com a publicação em 1975 do Inside the Company - Um diário da CIA do ex-agente da CIA, Phillip Agee. Embora o objetivo de Agee fosse a organização de operações encobertas da CIA, ele sabia muito sobre SIGINT, e ele revelou o que sabia. Ele afirmou, por exemplo, que a NSA tinha usado técnicas de proximidade para interceptar texto simples da embaixada da UAR em Montevidéu, Uruguai. Ele também afirmava que as máquinas de Hagelin construídas na Suíça tinham vulnerabilidades que a NSA explorou para obter texto simples."


O CX-52 que o Brasil proporcionou aos membros da Operação Condor em 1976, é o tipo de máquina de cifragem da Crypto AG enviada à NSA para testes.

Crypto AG CX-52


H-4605 O H-4605 entregue pela Argentina aos membros da Operação Condor é como o Crypto H-460 desenhado pela NSA. (Fonte da imagem: https://people.duke.edu/~ng46/collections/crypto-electronic.htm)

Crypto AG H-4605


Jorge Rafael Videla

Jorge Rafael Videla


Cabo da CIA, "Sistema de Comunicações Empregado pela Organização Condor", Secreto, 1 de fevereiro de 1977

Cabo da CIA


Fonte do artigo original: The CIA's ‘Minerva’ Secret | National Security Archive